Homenagem a Leila Diniz - 1945 - 1972

Leila Roque Diniz nasceu no dia 25 de março de 1945 em Niterói, filha de um comunista preso pelo governo Dutra. Sem fazer discursos, sem queimar sutiãs nem maldizer os homens, que julgava tão sofridos quanto as mulheres, ela realizou, orientando-se apenas pela alegria e pelo prazer, uma revolução no comportamento feminino.
Leila Diniz foi uma das maiores atrizes brasileiras dos anos 60, protagonista de novelas do início da Rede Globo e de filmes que marcaram época na cinematografia brasileira, como Todas as Mulheres do Mundo.
Saiu de casa aos 17 anos para morar com o cineasta Domingos de Oliveira, que a dirigiu em Todas as Mulheres do Mundo (1966). Mais tarde, casou-se com o também cineasta Ruy Guerra, pai de sua única filha, Janaína.
Num período de forte repressão, cercada por todos os lados pela ditadura dos militares, que a escolheu como inimiga pública, Leila desafiou os tabus com um comportamento original. Pautava-se pela liberdade, na contramão de falsos pudores de grupos moralistas que chegaram a condená-la num julgamento durante um programa de televisão. Sua imagem, grávida, de biquíni, na praia, em 1971 é um dos pôsteres clássicos das mudanças trazidas por sua época. Leila apostava na alegria e na espontaneidade, assumindo uma sexualidade regida apenas pelo prazer e pelo compromisso com seus próprios valores.
Leila morreu no dia 14 de junho de 1972, sete meses depois do nascimento de Janaína, em acidente aéreo em que o avião da Japan Airlines explodiu perto de Nova Déli, na Índia. A atriz voltava da Austrália, onde participara do Festival Internacional de Adelaide para promover o filme Mãos Vazias. Leila havia antecipado o vôo de volta por causa da saudade que sentia da filha.
Sobre ela, Carlos Drummond de Andrade escreveu: “Leila para sempre Diniz, feliz na lembrança gravada: moça que sem discurso nem requerimento soltou as mulheres de vinte anos presas ao tronco de uma especial escravidão”.